Poliedra – Parte I (5)
Era agora temida pelos colegas e admirada pelas colegas: corria mais que eles e era mais mulher que elas.
E fazia valer-se disso.
Ainda que algo desengonçada, Polly era ágil.
Não sabia o que fazer…
Longe do bulício das cidades, e dos professores que lhe indicariam os exercícios adequados à sua (tão normal!!!) assimétrica condição de adolescente, procurou os conselhos do Pai.
De figura frágil e pouco atraente, o Pai cedo percebeu o extremo a que Polly levou a sua mensagem. A ânsia, o desespero com que procurava respostas quanto aos métodos que poriam fim à sua tão pouco apelativa – pensava ela! - forma física, enlouqueciam a casa inteira…
No tempo que passava no casarão, – que era cada vez menos - ela subia e descia as escadas vezes sem conta, derrubando tudo e todos que com ela se cruzavam. A criadagem apelidou-a de terramoto, mas, na verdade, ela parecia-se cada vez mais com um tufão.
Face ao cataclismo doméstico anunciado, Pai e Mãe decidiram que mandá-la andar pela Serra não lhe faria mal nenhum. No mínimo, gastaria toda aquela energia e vitalidade que ameaçavam acabar com a sanidade mental de todos os habitantes daquela casa.
Ao mesmo tempo, ganharia destreza e aumentaria a agilidade. Caminhar ao sol e respirar o ar mais puro que se conhece, não traria, com toda a certeza, nenhuma consequência nefasta.
Pensavam eles…
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