segunda-feira, 3 de março de 2008

Poliedra – Parte I (4)

Os anos passaram muito devagar, mortificando Poliedra, que mal podia esperar pela metamorfose de patinho feio para cisne gracioso… Como a Mãe.

Sim, Polly foi crescendo.

As vezes que o Pai lhe pedia que viesse sentar-se ao seu colo foram diminuindo.

Tudo em si aumentava de tamanho: as pernas, longas, terminando numas coxas cada vez mais roliças; o rosto, já longe da criança que foi, que desaparecia por detrás de uns revoltosos cabelos castanho-chocolate; o peito, enganador, altaneiro por sobre uma cintura de vespa….

Não era de todo estranho que se sentisse desproporcional, como se os joelhos se perdessem nas coxas e pudesse quebrar-se por aí… ou, até mesmo, pela cintura, que acabaria por vergar face ao peso dos seios.

Mas nada disso aconteceu.

Então, o Pai ensinou-a a tirar o melhor partido desta assimetria corporal temporária.

Dando-lhe uma vaga noção de que a harmonia das formas se manifesta na simetria das mesmas, o Pai explicou-lhe que essa mesma harmonia se conquista com o tempo, transmitindo-lhe, implicitamente, que, se queria ser bela e desejável, havia muito que podia fazer por isso.

Polly interiorizou esta breve explicação de tal maneira, que nada, na sua forma de conviver com o seu próprio corpo, seria igual.

As pedras da Serra começaram por ser as únicas testemunhas desta transformação de mentalidade, deste transtorno psicológico em que se tornou a vontade de Polly em domar o seu próprio corpo.

Mas nem só de pedras vive a Serra…

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2 Comentários:

Blogger Paula disse...

Voltaste!!!
E fizeste tu muito bem!
E a história da Polly, cada vez mais intrigante!
Bjs!

5 de março de 2008 às 14:02  
Blogger Fractal SMOG disse...

Tenho que lançar uma acção de marketing... a "coisa" não está a "vender"!

5 de março de 2008 às 22:32  

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